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quinta-feira, 25 de março de 2010

Onde você vai chegar assim?

Nesta última sexta-feira, 19 de março de 2010, Protógenes Pinheiros Queirós, delegado da Polícia Federal, ministrou uma palestra com a temática sobre: ”Corrupção no Brasil e Gestão Pública”.

O palestrante abordou que a corrupção é um tema muito antigo, vindo a se tornar cada vez mais atual na rotina do Brasil. Um dos exemplos citado, foi o que ocorreu no Estado do Maranhão, onde restos de lixo foram despejados nas vias públicas, razão pela qual ter ocorrido um rompimento de contrato entre a Prefeitura e a empresa privada contrata, responsáveis pela coleta. Nós somos a corporação e somos responsáveis, por isso devemos saber administrar, mas estas são apenas conseqüências, nas quais chegamos.

No ano de 2009, o governo federal destinou R$ 11 bilhões a vários Estados para desenvolver as políticas sociais de todo país. No lapso temporal de 9 meses, cerca de 97% das cidades desviaram esse recurso. Não obstante e, na mesma linha vergonhosa, temos que cidades como São Francisco do Conde e Juquiá, colaboraram com o desvio de recursos comprando 5 mil borrachas de elásticos e 36 mil pincéis atômicos destinados à material escolar para o Ensino Fundamental. Diante de tais fatos, nítida é a figura sócio-cultural corruptiva dos comandantes do nosso país, pois atos egoístas e mesquinhos levam à uma visão pouco favorável ao cenário internacional, transmitindo, deste modo, uma figura nefasta da terra-mãe.

Mas nem tudo está perdido. Há, uma luz no fim do túnel. Com a operação chamada “Satiagraha” comandada pelo palestrante alhures mencionado, o Brasil acordou, e a justiça, no sentido sociológico da palavra, deu a volta por cima. No decorrer da operação um governador em exercício foi preso. Este ato foi de muita responsabilidade para conduzir o nosso país para um caminho melhor, levando a todos que devemos relembrar que ninguém está livre da punição, nem mesmo um governador em atividade.

”O que importa não é a quantidade de leis que existem no Estado, e sim de qual maneira elas são aplicadas”, disse Queirós ao reiterar que a lei atinge a todos, equitativamente.

Outro exemplo comentado pela autoridade policial federal presente, ora o palestrante, foi da lavagem de dinheiro do Sport Clube Corinthians Paulista, no qual houve, entre tantas outras, manipulação de resultados, compra de árbitros de futebol, bem como de atletas e dirigentes. Este assunto gerou um reflexo internacional muito grande, e nós nos tornamos o primeiro país do mundo a descobrir a corrupção no futebol. Sobre o assunto foi pronunciada uma interessante e reflexiva oração adptada ao tema:

“Venha a nós o vosso dinheiro. Seja feita a nossa vontade assim no público como no privado. A propina nossa de cada dia nos dai hoje. Perdoai os nossos desfalques e não nos deixei cair na tentação da honestidade. Nos livrai do flagrante e da verdade, amém”.

Diante do explicitado na presente palestra, entendo que se todos nós parássemos para refletir sobre os temas discutidos - que muitas vezes é complexo - chegaríamos a conclusão de que o brasileiro acostumou-se com a corrupção, vindo a não enxergar uma solução, na preferência de eximir-se de tal responsabilidade. Tudo isto ocorre, porque no seu íntimo existe um medo latente e justificado.Medo não de ser vítima da ação violenta dos marginais, esta que é constante e de certo modo rotineira, mas dos que estão no poder e o exercem como uma máfia. De fato: a corrupção é inerente ao sistema capitalista. Onde há capitalismo (e só há capitalismo), ele prevalece. Este sistema adquiriu uma força tão respeitável e vitoriosa, que não há como esquivar-se dele. O lucro e o sistema financeiro são indubitavelmente tendenciosos e imperiosos a todos, infelizmente…

O implacável filósofo Olavo de Carvalho, por mais que ele próprio pareça detestável a muitos, foi mais além e acertou na veia: “O Estado, no Brasil, é um instrumento da corrupção. Não só da corrupção, mas também da violência. Quem o contestará?” Sobre esse capitalismo gerador de corrupção, já dizia o também filósofo e psicanalista Félix Guattari: “O que há de monstruoso no sistema capitalista é que ele parece não poder criar motivações à atividade do trabalho dos indivíduos a não ser que ele crie um pólo de miséria absoluta, de fome, e um pólo de riqueza inacessível”.

Por isso, não nos enganemos: grande parte de toda essa grita indignada contra a corrupção visa apenas a fazer com que ela troque de mãos. É a “democrática” alternância no poder, eterna e compulsória… Porém, só aquele que se deixa levar pelo conformismo segue seu caminho, os não adeptos a esta tese constroem seu próprio caminho, ético e moralmente aceito.

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