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terça-feira, 20 de abril de 2010

AME-OS E OS DEIXE VIVER




Vivemos momentos de grandes transformações no planeta Terra e em todo o Universo, com isso as diferenças sociais ficam cada vez mais evidentes. O reino vegetal, animal e humano estão passando por grandes provações de fome, abandono e doenças. Se cada um de nós fizer a sua parte podemos amenizar tanto sofrimento. Defender a causa animal, é defender a própria vida. "Amai-vos uns aos outros", mesmo que os outros tenham patas, focinhos, rabos e penas.

Está tramitando do congresso apensado ao PL 3981/00 o PL 4548/98, que exclui animais domésticos e domesticados do artigo 32 da lei 9065/98. Foi aprovado por unanimidade pela Comissão de Justiça e Cidadania no dia 02/04 e o prazo para apresentação de recurso com 5 sessões ordinárias iniciou no dia 20/04.

Para quem não sabe se este projeto de lei for aprovado os animais domésticos e domesticados vão ser excluídos do artigo 32 da lei 9605/98, assim maus-tratos contra esses animais não serão mais crime.

Os interesses ligados a este projeto de lei são puramente econômicos, pois querem que os rodeios, vaquejadas, farra do boi, etc sejam atividades perfeitamente legais, alegando que são importantes "manifestações culturais e econômicas" do nosso país.

Eu me envergonho da minha espécie ao ver que a vida de seres que estão a nossa mercê é vista como valor($), julgados como se nós fossemos o centro do mundo. É má fé antes de qualquer coisa, pois nós seres humanos, temos que nos ver e nos entender como parte integrante de um ecossistema e não o dono dele.

Peço a todos que não se calem, que mandem emails, que divulguem que mostrem que nós nos importamos com a vida!

Assine a Petição Online você também e ajude a continuar a luta pelo bem estar animal:
http://www.petitiononline.com/artigo32/petition.html

domingo, 18 de abril de 2010

A Seta e o Alvo


Eu falo de amor à vida,você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso e você de azar ou sorte.

Eu ando num labirinto e você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa, mas você só quer atingir sua meta.
Sua meta é a seta no alvo, mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu olho pro infinito e você de óculos escuros.
Eu digo: "Te amo!" e você só acredita quando eu juro.

Eu lanço minha alma no espaço,você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro e você só lamenta não ser o que era.
E o que era? Era a seta no alvo, mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu grito por liberdade,você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade e você se preocupa em não se machucar.

Eu corro todos os riscos,você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro e você se satisfaz com metade.
É a meta de uma seta no alvo, mas o alvo, na certa não te espera!

Então me diz qual é a graça de já saber o fim da estrada, quando se parte rumo ao nada?


Então me diz qual é a graça...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

SEJA OCEANO!


Amo o mar. Quando o contemplo vejo sua imensidão que me lembra das imensas possibilidades que a vida nos proporciona. Suas ondas impetuosas que impelem tudo dentro dele para a costa, sem importar quão profundo ou perturbado tudo se encontra. Suas ondas leves e suaves ao aportar a areia da praia, lavando os pés dos caminhantes que precisam descansar do seu dia a dia. Quanta sabedoria poderia sair ao contemplar a imensidão deste gigante azul que nos convida a relaxar. Seu sódio curador, restaurador de forças. Sua fonte de alimentação aos peixes, sua beleza decorada pelos corais e algas marinhas.
Amo o mar, a quantos amantes ele poderá ter inspirado. A quantos amantes ele acolheu nos seus momentos silenciosos de amor. A quantos amantes ele acolheu em sua areia a demonstrar carinho um pelo outro. A quantos amantes ele assistiu correr e mergulhar ludicamente. A quantos jovens ele acolheu com suas ondas a gastar suas energias e habilidades surfando. A quantos homens ele acolheu quando calados em suas lanchas se distanciaram da costa para pescar e pensar na vida. A quantos esportistas ele acolheu a velejar, surfar no vento e sentir seu vento salgado beijando suas faces, molhando seus cabelos e lhes dando sensação de realização.
Amo o mar. Quando triste gosto de nele pensar, vontade de nele mergulhar e deixá-lo beijar meu corpo cansado, necessitado de seu descanso, de seu abraço, de seu gosto salgado a me abraçar.
Amo o mar.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Em Paz

Uma das grandes sensações que alguém pode experimentar nesta vida é a de paz. Paz consigo mesmo, com o mundo e com as pessoas que fazem parte da sua vida. A paixão não é um sentimento que traz paz pra ninguém. Ela te tira do prumo, deixa seu coração acelerado e suas mãos suadas. Paixão e medo caminham lado a lado. O medo também te tira do prumo, deixa seu coração acelerado e suas mãos suadas. Uma pessoa apaixonada quer o outro tanto tanto tanto que tem medo de perder. Ainda que ela não se dê conta disso, o medo de perder existe quando se está apaixonado. A paixão não traz paz. É um sentimento passageiro, perturbador. Arrasa corações, mas é vista com muito cuidado pelos mais experientes no assunto. A sensação de paz, ao contrário do que muita gente imagina, não é uma sensação morna, neutra ou de que nada acontece. Ao contrário. As coisas acontecem, mas elas andam no ritmo certo. Não tem nenhum Deus-nos-acuda, o mundo não vai acabar amanhã e, se for, não há nada que alguém possa fazer (portanto, nada de afobação!).

Paz é uma sensação de que (como alguém já disse antes) a direção é mais importante que a velocidade – e uma ligeira desconfiança de que a direção está certa. Paz é quando o mundo não precisa parar pra você descer, pois você pode descer a qualquer momento e tem total controle da situação. Paz é ter a cabeça vazia diante de uma estrada que não tem fim. Paz é colocar sua cabeça no travesseiro à noite e dormir com a certeza de que você não enganou ninguém, não mentiu pra conseguir nenhuma vantagem ou usou de alguma forma ilícita pra conquistar alguma coisa ou alguém. Você tem a nítida sensação do que é paz quando você não busca a felicidade em cada coisa que faz ou em cada lugar que vai. Paz é quando você está na hora certa e no lugar certo simplesmente porque você acha que aquela hora e aquele lugar são certos pra você estar. Paz é querer aquela pessoa que também te quer e, se um dia uma das partes não quiser mais, tudo bem. Você também vai estar em paz pois não precisa de outra pessoa pra viver. Paz é estar feliz com sua própria companhia assistindo filme sexta-feira à noite. Paz é uma sensação interna de que sua busca não acabou mas que ela não acaba quando você encontra. Paz é não ter saudade do passado. Ou ter, mas viver em harmonia com ele. É não esperar pelo futuro com se ele existisse porque, na verdade, o futuro acaba no exato momento que começa. Paz é a sensação de que tudo vai dar certo e, se não der, você terá outra chance. Paz é acordar na beira do mar e não ter nada pra fazer. Ou ter. Paz é uma ave livre abrindo as asas no seu ombro. Paz é um cachorro te olhando nos olhos.

Paz é uma sensação de dever cumprido. De uma obra entregue no prazo. De fiz meu melhor. Paz é o final de um espetáculo de teatro depois que as cortinas se fecham. Paz é um par de olhinhos te olhando com admiração e respeito. Paz é uma sensação para poucos, mas aqueles que a experimentam não trocam por nenhuma outra sensação do mundo que possa se acabar num piscar de olhos. Se eu pudesse dar uma fórmula mágica da paz em um texto, eu daria. Mas, por enquanto só posso descrever um pouco do que estou conhecendo. Que não é quente, não é frio e muito menos morno. É leve, é novo, é seguro. Paixão, como eu ia dizendo, tem muito mais a ver com medo do que com amor. O amor é leve. É maduro. É terra firme de se pisar. A sensação de paz é um sentimento tão nobre quanto o amor, só que mais apurado.


A paz é sublime.

A vida é feita de escolhas?

Vou começar o texto citando uma frase que um amigo meu me disse esses dias:
"A vida não é feita de escolhas... pessoas, não caiam nessa."

Certamente, há quem acredita que a vida é feita de escolhas, e que nós podemos escolher tudo o que se passa conosco. Que nada acontece por acaso e não existe destino, cada um pensa de um jeito e não temos o direito de mudar o pensamento de alguém.
Concordo com a parte "Cada um pensa de um jeito..." Mas, acho que podemos sim induzir alguém a pensar e ver da nossa maneira em algumas situações, e pode até ser que essa mudança de pensamento faça bem a alguém.
Pra ser mais clara, vou dar um exemplo: Estou com dengue (sim, é verdade). Infelismente não tive o livre - arbítrio de escolher pegar essa doença, por pior que pareça ser, vou tirar um aprendizado dessa situação.
E é em isso que eu acredito. Acredito em destino, e em coicidências, e tudo tem um propósito. Às vezes erramos com o propósito de acertar, perdemos com o propósito de ganhar e ferimos com o propósito de amar. E nem por isso deixamos de tentar, de batalhar, e de querer alguma coisa.
Nunca substime a capacidade natural do univerno, você nunca sabe o que te espera, e isso pode te surpreender, e fazer você aprender e evoluir com todas as coisas boas e ruins que virá a acontecer na sua vida.

Dedico esse texto ao meu amigo Renan.

Não é preciso perder pra aprender a dar valor.

É, não podemos negar que nós mulheres somos o sexo frágil, isso já está mais do que provado, e conseqüentemente, perdemos, e só assim damos o valor merecido.
Um belo dia, você conhece alguém em um lugar que não esperava conhecer ninguém, e a partir do momento em que os seus olhos batem com o da tal pessoa, você sente que se apaixonou à primeira vista, mas logo já desencana desse pensamento e pensa denovo "certeza que fulano tem namorada".
Tá, você descobre que não tem. As horas vão passando e você vai ficando cada vez mais vidrada com o papo do cara, e enfim, acontece o tão esperado beijo.
Bom, como eu citei à cima, só damos valor quando perdemos.
Um momento você está lá, beijando a pessoa, e no momento seguinte você desencanta totalmente sem nenhum motivo.
Você chega em casa e fica questionando o "porquê" a perda de interesse na tal pessoa... "Será que foi porque ele beija mal e eu não notei?" (impossível nós mulheres sempre notamos). "Será que foi porque ele passou a mão na minha bunda?" (tá, a gente liga pra isso sim, mas não é um fato pra perder o interesse). "Será que foi porque ele beijou a minha mão?".
Bom, aí está a questão, e você passa horas e horas tentanto compreender.
Pra piorar a situação, o tal "fulano" te chama pra sair no dia seguinte e você faz o que? Inventa uma desculpa tão esfarrapada que, quem acaba perdendo o interesse por você, de fato, é ele.
Depois de um tempo, querendo ou não, você acaba percebendo o "desprezo" da pessoa, e finalmente percebe o quão legal essa pessoa era, o quão especial e importante ela poderia se tornar na sua vida. E aí, você se pergunta: "Será que eu mereço uma segunda chance? Será que ele vai me dar uma segunda chance?".
A partir daí, só o tempo irá dizer, apesar dos empencilhos no meio do caminho (mulher adora complicar), você sente que o tal "fulano, cara, pessoa" vale totalmente a pena, e você sente que nunca conheceu ninguém igual a ele.

E é ai que eu entro e digo: "Por que a gente só dá valor, quando perde?".

Fica a dúvida...

Não me falta homem, me falta amor.

Um fala que está viciado em você, que não vai deixar você sair do MSN porque você é tudo de bom.

O outro cidadão - moreno, alto, bonito e sensual, por sinal - te chama pra ir com ele à festa mais badalada da cidade (e você não vai, claro! Depois disso todos os amigos dele vão te olhar como a comidinha do brother deles).

O outro pega seu telefone sem ao menos ter te beijado, liga no dia seguinte e quer te ver no mesmo instante (e você também não vai, claro, porque quando ele te beijar, esse número nunca mais vai aparecer na tela do seu celular novamente).

E tem aquele gracinha, seu ex-ficante, que agora cismou que você é a mulher da vida dele. Ele te procura insistentemente, te chama pra ir ao cinema, pra ir pra não sei onde e, adivinha? Não. Você não vai. Afinal de contas, da onde veio esse amor todo? Eu hein, quem chamou?

Tem também, um paulistano bacanérrimo. O cara diz querer sair lá de SP pra conversarem melhor e você encontra 500 empecílhos pra tentar impedí-lo. Por que? Porque não vira, pô! Imagino nossos assuntos: "Qual tipo de música gosta?" Ou então: "O que você curte fazer com seus amigos, gatinha?" Deus me livre!

Ah... sem falar ainda, daquele cara que você conheceu no Carnaval. Meses depois, ele ainda te manda mensagem: "E aí linda, que tá fazendo?" Senhor... Alguém avisa ele?!

Fora o seu namoradinho de infância, loiro, gato - e com namorada de hoje em dia -, que sempre que está pela cidade, quer porque quer ir tomar aquele açaí.

Fora aquele moreno bonzinho, aparentemente seu tipo que só te viu uma vez na vida, pegou seu orkut e agora, acha que, por isso, você tem que sair com ele pra tomar uma cervejinha.

O que está acontecendo com o mundo? Ou o problema é você?
Por que, diante de inúmeras possibilidades, você não consegue simplesmente escolher?

Tem alto. Baixo. Rico. Pobre. Loiro. Moreno. Sarado. Flácido. Tatuado. Careta. Médico. Advogado. Herdeiro. Cabelo liso. Cabelo espetado. Cabelo com dread. Caseiro. Da night. Da rave. Do sertanejo. Que mora no seu prédio. Que mora em outra cidade. Solteiro. Casado. Seu ex-ficante. Ex-namorado da sua amiga...
Tem pra todos os gostos. Menos pro seu.

Será que é porque a gente se perde diante das possibilidades?
Ou quanto maior o número de opções, mais você quer escolher?
Ou é só porque você resolveu ficar velha e exigente?
Ou não, nada disso?

Talvez essa não seja uma escolha tão objetiva assim;
Talvez não dê pra montar seu modelo de cara ideal e apontar: "É esse!".
Talvez você nunca vá conseguir reunir todas as características que admira num só cara;
E talvez, mais importante ainda, nada disso importe no final das contas.

Você ainda não encontrou “o cara” porque simplesmente ainda não “bateu”.
A batida perfeita não deixaria você errar jamais.
É mais pele do que cabeça,
É mais sentido do que entendimento,
É achar lindo, tudo que é feio, inclusive as coisas clichês que ele fala
E é se tornar um pouco isso também.

A batida perfeita acontece quando você menos espera.
Pode ser o amigo do amigo do amigo, ou aquele cara que você conhece há uns 15 anos e nunca havia prestado atenção antes, ou aquele lá que surgiu do nada numa festa e entrou na sua vida tão aos poucos que você nem percebeu.

A batida perfeita simplesmente acontece.
Sem que a gente tenha que fazer qualquer tipo de escolha.

E todo o resto?
Bom, todo o resto serve pra fazer você dormir e acordar acreditando que você é realmente tudo de bom, que você tem essa capacidade de deixar alguém viciado em você, ou que você move o mundo e faz qualquer pessoa atravessar o oceano pra te ver, ou que você possa realmente ser a mulher da vida de alguém.

Todos esses outros, são aqueles caras do bem que entraram na sua vida pra fazer você acreditar em você, pra massagear o seu ego e fazer você acreditar que realmente pode escolher alguma coisa. Até o dia em que você não vai ter escolha. Vai acontecer e você vai saber na hora.


(Brena Braz - À procura da batida perfeita)

E no meio de tanta gente...


"Ando sentindo uma saudade descabida.
Saudade descabida porque não está cabendo em mim mesmo.
Não cabe em lugar algum.
Transbordou. Saiu da borda.
Uma saudade estranha.
Uma saudade de ninguém.
Uma saudade que não tem nome ou um endereço específico.
Saudade de ligar pra alguém e chamar pra almoçar.
Saudade de sair do trabalho seis horas da tarde e chamar pra sair.
Saudade de assistir televisão domingo à noite debaixo do edredom.
Saudade de ter com quem conversar no final do dia.
E de ter alguém em quem pensar quando acordo.
Saudade de poder falar que gosto (e também poder falar “não gostei”) sem precisar ensaiar antes.
Saudade de sentir saudade de alguém.

Do cheiro do perfume na pele.
Saudade de ouvir elogios matinais (mesmo com a cara amassada).
Saudade de ficar em silêncio ouvindo a respiração.
Saudade de viajar sem precisar dirigir.
De cantar no carro e alguém me ouvir.
Saudade de ouvir o CD de músicas favoritas que eu não gosto.

Saudade de receber flores sem nenhuma data especial.
Saudade de ter uns apelidos estranhos, que não têm nada a ver comigo.
Saudade de fazer as pazes e abraçar mais forte.
Saudade de ser a número um e não apenas mais um número.
Saudade de ser entendida sem precisar me explicar.
De dizer o que eu quero sem precisar falar.
Saudade de ser tão igual e fazer toda a diferença.
Saudade de gostar dos mesmos lugares e de bebidas tão diferentes.
Saudade do calor, do cheiro, do gosto.
Saudade do toque, do beijo, do carinho.
Saudade com remetente e sem destinatário.
Saudade sem preço, sem endereço e sem data pra expirar.
Saudade do que ainda me falta viver.
Guardada pra quem um dia eu for amar."

(Brena, Braz. - Saudade sem destinatário) ADAPTADO

Eu e EU Mesma.


Se alguém perguntar por mim...

Não dê nenhuma explicação.
Eu parto sem querer partir nenhum coração.
Não sei nem pra onde eu vou.
Olho ao longe e isso é tudo.
Espero não mais voltar e o meu passado esquecer,
Eu parto sem querer deixar saudades em você.


(Gerson, Borges. - Bilhete)

terça-feira, 6 de abril de 2010

Destino?


Todo ser humano necessita despertar desejo. Quando as pessoas nos olham e não nos diferenciam de uma cadeira, a coisa vai mal. Isso acontece muito naquela instituição, como é mesmo o nome? Casamento. Os dois seguem se amando, mas já estão há tanto tempo juntos que não faz mais diferença se a mulher embarangou ou se o marido perdeu os dois dentes da frente: "amo você de qualquer jeito, bem". Ama, sem dúvida. Mas não nos enxerga mais. É aí que mora o perigo. Homens e mulheres precisam de um espelho que lhes diga constantemente o quanto são interessantes e atraentes. Se o espelho rachou em casa e não reflete mais nada, das duas uma: ou a gente se entrega ao desleixo, ou vai buscar reflexos de si mesmo em outro alguém...

E aí você acha que é coisa do destino. Sim, o destino, aquele desgraçado que só te arruma confusão. Esse mesmo que vive aprontando com você, te metendo em enrascadas homéricas. Afinal, que outra força do universo colocaria você naquela situação tão inusitada, depois daquilo que tinha tudo pra ser o dia mais fracassado do ano? Coisa do “destino” e da sua cabeça maluca que acha que a vida é um filme de comédia romântica.

O “destino” glamouriza tudo. Um término de namoro, um começo, um recomeço. Seu ex-namorado te liga bem no dia que você saiu com aquele cara incrível - e foi uma merda. Aí, você acredita que é um sinal, que era pra ser assim, que aquilo foi um plano traçado por Deus ou pelos deuses ou por qualquer outra força superior que não depende da sua intervenção. A verdade é que nós, mulheres, somos seres carentes. Precisamos, o tempo todo, de sinais divinos, de finais felizes, de príncipes encantados. Enxergamos príncipes em sapos. Descobrimos o amor das nossas vidas com uma semana de namoro. Nos apaixonamos no segundo encontro (ou até mesmo antes do primeiro). Acreditamos em amor à primeira vista.

Usamos o “destino” como um calmante. Era pra ser assim. Você fala pra si mesma no dia que tomou o maior e mais dolorido pé na bunda de todos os tempos. Não era pra ser. Não era pra você namorar aquele imbecil. Era pra você sair com aquele lindo tudo de bom. Inventamos o “destino” pra justificar todas as coisas que acontecem que não dependem da nossa vontade. Chamamos isso de destino pra podermos seguir em frente sem mágoas e mais confiantes. Como se tudo de bom ou de ruim que acontecesse fosse pro nosso bem. Como se não fôssemos livres pra intervir e mudar o rumo das coisas. Excluímos de nós toda culpa, mas também todo mérito. Eliminamos o acaso da nossa vida. Não acreditamos em coincidências. Tudo era pra ser. Um plano traçado imutável.

E você vive sua vida esperando que o destino te arrume um bom plano pra seguir, espera que o sapo vire príncipe (mas só o contrário acontece), espera conhecer um cara bacana quando precisa de uma informação pra pegar um táxi numa rua deserta as onze da noite. Espera que esse cara te convide pra subir e que ele seja tão bacana quanto parece à primeira vista. Você espera que ele seja lindo e macio e gentil e um fofo. Você espera que ele te convide pra passar a noite ainda que você não aceite só pra não pegar mal. Você espera que você goste tanto quanto ele ou que ele goste um pouquinho mais. Você espera que todas as suas percepções façam jus à realidade. Você espera que isso seja mesmo coisa do destino. E que o destino (esse ingrato!) não esteja de novo te pregando uma peça.


(Martha Medeiros)